Artigo

O Alfa Romeo 164 Protéo

Esse laboratório sobre rodas acabou reinventando o conceito de capota rígida retrátil. No Salão de Genebra em 1991, a Alfa Romeo apresentava um carro-conceito inovador em todos os sentidos. Era o primeiro trabalho do até então desconhecido designer Walter de’Silva, que iria depois fazer uma revolução de estilo na marca. O carro tinha como objetivo recuperar a estética e prestígio da Alfa, que estavam meio apagados desde a década de 80 e teve frustradas tentativas de recuperação. O conceito foi chamado de 164 Protéo.

O nome 164 vinha do sedã de luxo que havia sido apresentado ao público em 1987, no salão de Frankfurt, e lançado em 1988 pela marca, do qual o Protéo herdou a plataforma, encurtada em alguns centímetros, para construir esse esportivo de apenas dois lugares.

O projeto, apesar da complexidade de seus equipamentos, levou apenas 18 meses para ser concluído. Não era um conceito apenas para exposição em salões do automóvel pelo mundo como outros quaisquer, era sim um moderno laboratório sobre rodas de novas tecnologias do grupo FIAT, que poderiam vir a ser produzidas em série um dia. Era um protótipo com grande aplicação de eletrônica embarcada.

A traseira alta do Protéo dava um ar de imponência; já as lanternas traseiras lembravam claramente o Alfa Romeo 164, sedã de luxo que doou a plataforma encurtada para o esportivo.

O seu design tinha várias semelhanças de estilo com o 164 projetado pela Pininfarina, como os vincos laterais e a traseira alta com lanternas interligadas. A sua dianteira tinha uma aparência limpa, exibindo três pares de faróis redondos, esculpidos pelo próprio capô, e um Cuore bem simples que ligava suas nervuras até o pára-brisas. O símbolo da Alfa Romeo – a exemplo do Alfa SZ – ficava em cima do capô, local incomum pelas tradições da marca. O destaque na lateral fica por conta da linha de cintura alta, que dava ao motorista a sensação de estar guiando num cockpit.

A grande atração tecnológica do Protéo era seu teto rígido escamoteável, que o transformava de um cupê a um conversível em poucos segundos. Esse conceito já existiu em Peugeots dos anos 30, e os engenheiros da Alfa Romeo resgataram essa tecnologia, aperfeiçoando-a para a atualidade. A capota era feita de vidro transparente e acionada por um sistema hidráulico patenteado pela marca. Quando fora de uso, era guardada em um compartimento dentro do porta-malas.

O Protéo resgatava a interessante tecnologia de capota rígida retrátil, inventada pelos franceses nos anos 30, mas com toda a modernidade dos dias de hoje.

O carro-conceito da Alfa logo inspirou outros protótipos a reinventar o mesmo sistema, e fez fábricas como a Mercedes-benz e a própria Peugeot a lançarem modelos com esse mecanismo para seus conversíveis. Infelizmente a própria marca nunca fabricou um veículo com esse eficiente sistema.

Outra atração do 164 Protéo era a tração nas quatro rodas, inédito em um Alfa, e que na época estava virando moda entre os esportivos europeus pela grande contribuição que ela fazia na estabilidade. Também chamava atenção o sistema 4WS (four Wheel Steering) onde as quatro rodas eram esterçantes pelo volante. Comandado por uma central eletrônica, as rodas traseiras seguiam os movimentos do volante e auxiliado por motores elétricos, faziam os mesmos movimentos das rodas dianteiras (em ângulo menor) ou movimentos contrários, para ajudar nas frenagens. Esse sistema garantia uma ótima estabilidade nas curvas e ainda um grande diâmetro de giro, facilitando a hora de estacionar nas grandes cidades, mesmo em vagas apertadas.

Os modernos equipamentos eletrônicos como as quatro rodas esterçantes e a suspensão ativa que equipavam o Protéo, ajudavam o carro a ter uma estabilidade comparada a de um Kart.

O conceito era equipado também com o sistema de suspensão ativa, que possuía um sofisticado controle eletrônico de altura e rodagem. Esse equipamento era muito moderno para época, sendo usado apenas em carros de Fórmula 1.

O interior do Protéo era ao mesmo tempo moderno, esportivo, despojado e discretamente luxuoso, contendo apenas o necessário para uma boa condução esportiva. O seu painel era revestido em couro negro, e tinha os instrumentos básicos à frente do volante e mais três instrumentos localizados no console central e voltados para o motorista. O seu volante esportivo, também revestido em couro, não possuía Air Bag, equipamento de série já presente no Alfa Romeo 164. Era no console central também que se via uma configuração idêntida a do seu irmão de rua, com os botões iguais aos utilizados por ele, como também o seu rádio com cd-player, uma recente novidade na época.

Os bancos esportivos eram do tipo concha, revestidos de couro e seguravam bem o motorista nas curvas bem estáveis feitas pelo Protéo. Também tinham regulagem elétrica e aquecedor, além de terem o cinto de segurança integrados, uma ótima opção para conversíveis.

O interior do Protéo misturava o luxo à simplicidade, como nos bancos de couro com regulagem elétrica, utilizando muitos botões do 164, mas aparentando sempre ser uma exclusividade.

O motor, instalado na dianteira, era o conhecido V6 24v, também herdado do Alfa 164, mas retrabalhado para alcançar 256cv de potência, suficiente para o esportivo alcançar até 250Km/h. Algumas novidades também estavam presentes na parte mecânica, como o silencioso do escapamento fabricado em fibra de carbono.

As linhas do Alfa Romeo Protéo acabaram mais tarde inspirando o conversível Alfa Romeo Spider e o seu cupê GTV em 1995. As inovações propostas pelo carro-conceito, como a capota retrátil e as quatro rodas esterçantes acabaram não chegando a ser produzidas, mas o Spider herdou os belos faróis redondos moldados pelo capô, agora apenas em dois pares, que continuam encantando por sua beleza e originalidade do design. Tanto que neste ano o conversível ganhou o título de “O mais belo do mundo” pela conceituada revista inglesa Car.

O Protéo nunca foi fabricado em sua forma básica e com seus equipamentos ultramodernos, mas seu design inspirou em muito o Alfa Spider lançado em 1995.

O Alfa Romeo 164 Protéo

Ficha técnica

Características técnicas
Motor
Posição
longitudinal, dianteiro
Número de cilindros
6 cilindros em V à 60º
Número de válvulas
24
Cilindrada total
2.959 cm3
Potência máxima
256 CV a 7.200 rpm
Transmissão
Tipo
Manual de 5 marchas, com tração nas 4 rodas
Freios
Tipo
Discos ventilados nas quatro rodas
Dimensões
Comprimento
4.148 mm
Peso
1.470 Kg
Desempenho
Velocidade máxima
250 Km/h

por Johnny Carvalho

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Texto revisado por Eduardo Guerra