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O Alfa Romeo Bertone Carabo

Era o ano de 1968, e o estúdio Bertone queria fazer um carro-conceito sobre o chassi do superesportivo Alfa Romeo Tipo 33 Stradale, do qual vários conceitos de outros estúdios já tinham sido apresentados, como o Cuneo e o 33-2. A Bertone tem uma grande tradição e história junto com a Alfa Romeo, pois com a parceria das duas saíram vários carros clássicos da marca, como o Giulietta e o 1750 GTV.

O desenho da carroceria ficou por conta do gênio Marcello Gandini, que fez um esportivo com um perfil agressivo em forma de flecha, com linhas retas e ângulos acentuados esculpidos em aço. O nome escolhido foi Carabo, que em italiano é uma espécie de besouro.

O projeto do carro foi concluído em apenas 10 meses, desde a chegada do chassi Tipo 33 da fábrica da Alfa Romeo, até o dia em que o carro começou rodar. A rapidez na montagem surpreende até nos dias de hoje. Diz a história que quando o carro ficou pronto, Nuccio Bertone parou e ficou olhando a traseira do Carabo, apenas admirando.

Nuccio Bertone se encantou com o que o seu estúdio de design foi capaz de fazer em apenas 10 meses com um chassi da Alfa Romeo

Já em outubro de 1968 o Carabo foi apresentado no Salão de Paris. O carro causou muita curiosidade da imprensa na época, por se tratar de um carro muito futurista, que empregava técnicas de construção avançadas.

O capô frontal e o pára-brisas ficavam quase em linha reta, o que resultou num enorme vidro e na baixa altura (apenas 99 cm). O vidro traseiro em forma de persiana foi inspirado no Lamborghini Miura, também desenhado por Marcello Gandini. E persianas estão em vários detalhes do carro, como em entradas de ar na frente e na traseira, e nos faróis, escondidos atrás de persianas ocultas no capô, que se abrem quando acionado a partir do facho baixo. O estilo do carro, e suas portas de abertura como lâminas de tesoura, inspiraram três anos mais tarde o Lamborghini Countach, mais um sucesso assinado por Gandini.

Persianas estão por toda parte no Carabo, como nos faróis ocultos, e nas entradas de ar

O nome do carro está estilizado na traseira, com a letra A simulando sua inovadora abertura de portas

Uma curiosidade do Carabo era os seus vidros reflexivos de alta resistência, utilizados na indústria aeroespacial. De cor cobreada, os vidros ocultavam os passageiros e mudavam de cor dependendo do ângulo que eram vistos, o que dava um toque ainda mais futurista ao carro. Até na pintura o Carabo foi ousado, usando uma tonalidade de verde especial, usada em helicópteros, em contraste com peças em verde escuro.

O seu interior seguia as linhas futuristas da carroceria, começando pela posição baixa dos bancos, o motorista tinha a impressão de estar sentado no chão. O painel aproveitava os instrumentos do 33 Stradale de série, só que dispostos de maneira diferente, montados bem à frente, para que o motorista não desviasse os olhos da pista. Um toque de futurismo estava presente também no seu volante, fixado bem recuado em relação ao seu aro. Os bancos tinham desenho simples, feitos em tecido preto, cor predominante em todo o interior, em contraste com o verde da carroceria.

O interior era simples, mas inovador, com o volante de raio recuado e instrumentos ao redor do parabrisas.

O seu vidro traseiro estava escondido por uma persiana: inspiração no Lamborghini Miura.

Sob o capô traseiro ficava o motor central, herdado do 33 Stradale: um V8 de 1.995 cm3, com injeção de combustível Spica e 230 cv de potência a 8.800 rpm, que levavam os seus 1.000 kg de peso a 250 Km/h, e ia de 0 a 100 km/h em 6,5s, de acordo com a Bertone. Essa configuração mecânica do motor foi aproveitada mais tarde para equipar o Alfa Romeo Montreal. Suspensões traseira e dianteira eram as mesmas do 33 Stradale, só que com altura de rodagem mais baixa, um ótimo conjunto construído com experiência da Alfa Romeo para competições.

Depois de rodar vários países em exposições por longos anos, o único exemplar do Carabo foi restaurado em 1989 pela Alfa Romeo e pela Bertone, sendo então incluído no acervo do museu da marca em Arese, na Itália.

O Carabo marcou época e até hoje é considerado um dos mais belos conceitos de design já lançados.

O Alfa Romeo Bertone Carabo

AZTEC 7 - A RÉPLICA QUE NÃO VINGOU

O Bertone Carabo, apesar de ter sido um conceito inovador, nunca chegou a ser fabricado em série. Se aproveitando da idéia, uma empresa da Califórnia chamada Fiberfab resolveu criar na década de 70 uma réplica do Carabo. Chamado de Aztec 7, tinha carroceria feita em fibra de vidro, que seria vendida em forma de kit, populares naquela época, para serem montados sobre mecânica Volkswagen (como os nossos velhos conhecidos Pumas) custando 2.400 dólares na época. O carro foi fabricado por um jovem de apenas 18 anos, que projetou seus moldes através de fotos do Carabo original. O modelo utilizou algumas peças do Lamborghini Miura, como o pára-brisas. As inovadoras portas em forma de tesoura foram substituídas por aberturas tipo "asa de gaivota". Algumas unidades possuíam faróis escamoteáveis e até símbolos do estúdio Bertone, que projetou o Carabo original.

Apesar de ser interessante, esse kit não teve muito sucesso, tendo apenas 400 unidades vendidas.

por Johnny Carvalho. Texto revisado por Eduardo Guerra.

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