ALFA ROMEO BR

A utilização de motores Alfa Romeo em aeronaves é tão antiga quanto a própria história da marca e a invenção do avião. Remonta a novembro de 1910, quando um motor A.L.F.A. 24 HP com compressor foi adaptado a um modelo civil, o biplano Santoni-Franchini, que rasgou os céus de Milão inaugurando uma saga que só terminaria em 1988, com a venda da Alfa Romeo Avio.

As atividades da Alfa Romeo, no que diz respeito à fabricação de motores aeronáuticos, tiveram início em 1917 com o pedido do governo italiano para a construção, sob licença, de 300 exemplares do motor V6 Isotta-Fraschini para seus esquadrões de bombardeiros. A encomenda foi cancelada um ano mais tarde devido a atrasos e outros problemas relacionados à instalação da fábrica.

Depois disso e até 1925, a Alfa Romeo se concentrou na produção de automóveis. Com o sucesso de seus carros de competição em 1924, a Força Aérea Italiana retomou o interesse por motores que fossem produzidos pela fábrica milanesa. Assim, sob licença da Bristol inglesa, era iniciada a produção dos motores radiais de nove cilindros Jupiter. A Alfa Romeo desenvolveu e construiu vários motores baseados nos Bristol Jupiter e Pegasus. Na Itália, designados 125, 126, 128, 129 e 131, foram construídas cerca de 11.000 unidades, sendo amplamente utilizados nos bombardeiros Italianos da segunda guerra mundial. Melhoraram o que já era bom, fato reconhecido pela própria Bristol.

O Alfa Romeo Mercurius foi uma evolução do Bristol Jupiter chamada na Inglaterra de Mercury. Equipou o biplano de observação IMAM Ro.30 em 1932. Também sob licença inglesa, da Armstrong Siddeley, a Alfa Romeo produziu o sete cilindros radial Alfa Romeo Lynx, na década de 30. Desenvolvia 200 hp e equipou três tipos de aeronaves.

Num período em que não eram raras as adaptações de motores automotivos em aviões, outro motor da linha de automóveis Alfa, o 6C 1750, também com compressor volumétrico, foi aplicado ao modelo Caproni Ca.100 de 1931.

Em 1932 a Alfa Romeo construiu seu primeiro motor aeronáutico de projeto próprio, o D2. Obra de Vittorio Jano, era um nove cilindros radial que desenvolvia entre 240 e 270 hp. Foram produzidas cerca de 600 unidades entre 1931 e 1934. Mostrou grande eficiência operando em regiões de clima quente, tendo sido utilizado com sucesso na África equipando o trimotor Caproni Ca.101.

Em 1934 surgiram os Alfa Romeo 110 e 115. Motores de pequena capacidade, baseados nos ingleses de Havilland Gipsy Six e utilizados principalmente em pequenos aviões de treinamento, reconhecimento e aeronaves civis leves, foram produzidos em número significativo e equiparam uma grande variedade de modelos. O AR 110 e suas variantes foram fabricados até 1944 e o AR 115 entre 1936 e 1956.

O Alfa Romeo 121 foi um oito cilindros invertidos (V8) com supercharger e equipou o avião de treinamento e competição Ambrosini S.7.

O Alfa Romeo 135 foi um enorme motor radial de dezoito cilindros desenhado por Giustino Cattaneo em 1934-35. Era, basicamente, dois motores 126 de nove cilindros fundidos em um. Não teve grande sucesso. A despeito da enorme potência conseguida em uma de suas variantes, a 136 R.C.25, que chegava a 2.400 hp em regime de potência máxima , sendo considerado o radial mais potente do mundo naquela época, apresentou muitos problemas de confiabilidade e acabou abandonado depois de aproximadamente 150 unidades construídas.

Na década de 40, no auge da segunda grande guerra, os fabricantes italianos de aviões de combate careciam de um motor que fosse compacto, de grande potência e confiável para equipar seus novos caças. A escolha recaiu sobre os alemães Daimler-Benz DB 601 e DB 605 que foram fabricados sob licença pela Alfa Romeo com a denominação R.A. 1050 (DB 605) e R.A. 1000 RC 41 (DB 601). A versão do 601 produzida pela Alfa era a 601 Aa. Esse motor era um doze cilindros invertidos (V-12), quatro válvulas por cilindro (as de escape, refrigeradas a sódio), refrigeração líquida e compressor volumétrico. Produzia de 1.050 a 1.159 hp. Equipou os caças Macchi C.202 e Reggiane Re. 2001.

O R.A. 1050 (DB 605) foi uma evolução do DB 601 e produzia até 1.775 hp de potência máxima. Equipou os melhores caças da Força Aérea Italiana (Macchi C.205, Fiat G.55 e Reggiane 2005, entre outros).

Com as instalações destruídas ao final da guerra, a Alfa Romeo iniciou uma lenta recuperação. Aos poucos foi retomando a produção de alguns motores como os AR 115 e AR 121. Mantinha alguns contratos de manutenção e buscava novas parcerias.

Na década de 60, a Alfa Romeo Avio direcionou seu foco para a manutenção e upgrades em motores de diversos fabricantes como a Curtiss-Wright, Pratt&Whitney, Rolls Royce e General Electric. Em 1967 o governo italiano confiou à Alfa Romeo a produção da turbina GE J85-13A para seu novo avião de combate, o Fiat G91. Fabricava quase metade dos componentes e fazia a montagem final. Em 1979 fez seu vôo de estréia a primeira turbina inteiramente feita na Itália, pela Alfa Romeo, a AR318 (projeto em parceria com a Rolls Royce) equipando um bimotor americano de turismo Beech King Air.

Na década de 80, fez parte da equipe de desenvolvimento do novo motor T 700-T6E1 da General Electric, que equipou o helicóptero NH90, alçado ao primeiro voo em 1995. Em 1988 a Alfa Romeo Avio foi vendida para a Aeritalia.

Bibliografia Impressa

Coleção Armas de Guerra, vols. 1, 2 e 3, Abril Coleções, São Paulo, 2010

Enzo Angelucci, Gli Aeroplani, Milano, Arnoldo Mondadori Editore, 1971

Jonathan Thompson, Italian Civil and Military Aircraft 1930-45, Fallbrook, California, Aero Publishers Inc., 1963